OS SENHORES DA GUERRA
Os "Senhores da Guerra" reuniram, e decidiram, numa mesa redonda, de fato e gravata, e botões de punho: que irá chover chuva ácida sob a forma de bombas, largadas por anjos da morte de cinzento pálido, por fim a trucidar toda a forma de vida presente no chão. Um chão onde não há inocentes, onde não há danos colaterais, e onde não há notícias. Deixando em paz todo o alarme social, refreando os corações inquietos dos seus povos, comovidos pela desgraça que acreditam ser sua, e aliviados pela morte alheia que não lhes diz respeito.
Os "Senhores da Guerra", que provocaram esta, ao terem financiado a primeira, decidiram acabar com ela, começando uma nova. E parece que a única esperança que podemos almejar é que a Guerra, que nos parece tão distante, não se abata sobre nós.
Foi tão fácil um embargo a Cuba, à Argentina e, mais recentemente à Grécia durante dois meses. Mas o fluxo de armas, ódio e dinheiro que entra no conturbado Oriente - que há mais de cinco mil anos surge como a narrativa ameaçadora do povo Helénico - só se compara com o fluxo de vidas humanas que procuram abrigo, ou simplesmente fugir, de uma guerra que não é sua. Mas sim dos senhores de bandeira na lapela, e "cravate" ao pescoço.
A única bandeira que podemos usar é a do sangue derramado pelos inocentes - nós também, cada um à sua forma - apanhados no meio da ganância pelo poder e pelo lucro, entre catástrofes pouco naturais, quer pelos desastres do betão, quer pelos destroços das explosões. A origem, quer da morte lenta do planeta, quer da nossa própria trucidação mútua, é uma e a mesma. Nós, e a nossa incapacidade de lidar com a nossa insignificância.