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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

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O GOLPE QUE MATOU A DEMOCRACIA NA BOLÍVIA

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Este é o fim da Democracia na Bolívia. Alegando uma fraude eleitoral, a oposição e a extrema-direita na Bolívia demoliram a Democracia e abriram caminho a um golpe militar. Um golpe com tudo a que um regime autoritário tem direito: intervenção militar, prisões arbitrárias e perseguições políticas. Tudo isto em menos de 24h. 

 

Primeiro perderam as eleições. Depois, não aceitaram os resultados e alegaram fraude por décimas. Convocaram manifestações com apoio dos movimentos da extrema-direita e paramilitar que reprimiu o contraditório das manifestações de camponeses e indígenas. Invadiram casas de familiares de ministros e outros políticos. Fizeram ultimatos ao presidente eleito e invadiram as terras da sua família. Não satisfeitos, agrediram e humilharam Patricia Arce, presidente de câmara de Vinto, arrastada pelas ruas, e depois incendiaram o edifício. Não aceitaram pacificar o diálogo e continuaram a espalhar o caos com vista única e exclusivamente a conseguir sequestrar o poder a qualquer custo. 

 

Um movimento reaccionário, radical, anti-democratico que se desenrolou com a complacência e colaboração da comunidade internacional, a quem o presidente pediu uma auditoria ao processo eleitoral, feita pela Organização dos Estados Americanos, que acabou por tomar uma decisão polícia, dizendo que seria "estatisticamente improvável" (!?) a eleição no primeiro turno devido a irregularidades. Então, o presidente acatou as recomendações e convocou novas eleições. Não foi suficientemente, a polícia e os militares forçaram a renúncia de Evo Morales e tomaram o poder para si. Na sequência surgem imagens de um dos líderes da extrema-direita a entrar no palácio do governo, onde colocou uma Bíblia sobre a bandeira e anunciou a existência de um mandado para prender Evo Morales, tendo invadido a sua própria casa. 

 

Já a presidente e o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia, Maria Eugência Choque e Antonio Costas, foram presos e exibidos na televisão numa entrevista coletiva transmitida ao vivo. Pelo menos 20 integrantes do legislativo e executivo já recorreram ao asilo político na embaixada do México. O autoritarismo estourou na cara de quem brincou aos golpes de estado de mãos dadas com fascistas. Acabaram de atropelar o Estado de Direito, destruindo e atropelando a vontade popular e a Democracia na Bolívia através da violência.

 

Qualquer pessoa deve repudiar estas atitudes e lutar contra o desmoronamento da Democracia por via das armas, do fundamentalismo e da força bruta, seja na Bolívia ou em qualquer parte do mundo. Porque são coisas que não se enquadram em nenhum espectro democrático ou social e que a manterem-se vão acabar por asfixiar completamente a liberdade de todos, incluindo a de quem apoiou este cenário, convicto de que estaria a defender a prevalência do voto popular. Quiseram apagar um fogo com uma bomba nuclear. 

 

Só tenho a desejar solidariedade a uns e sorte a outros.