O Amor não é nada disto
O amor pode ser muita coisa. A literatura está cheia de bons e maus exemplos. O amor pode ser muita coisa, mas não é isto.
O amor é mais do que um dia de juras. O amor ultrapassa qualquer promessa, cumprida ou quebrada. O amor faz-se de promessas rasgadas, de segundas intenções, de intenções puras e de surpresas. O amor pode ser muita coisa. Mas não é só isto.
O amor pode ser o vento frio de uma madrugada aquecida pelo calor de dois lábios pegados. Pode ser um beijo de despedia, ou um encontro emocionado. O batom dos lábios numa carta ou o perfume de alguém numa peça de roupa esquecida. O amor também pode ser isto. Mas não é apenas isto.
O amor pode ser um olá a meio da noite. Uma mensagem que ilumina um quarto cheio de vagares, entre cada resposta. A sonolência de um corpo cansado de tantos suspiros. O amor pode ser o suor e a lágrima de um encontro. Pode até ser bem mais do que isto. Mas não se limita a isto.
O amor pode ser um dia. Pode ser a tristeza da nostalgia. A amargura de uma memória. A cor da raiva, o som de um insulto, a força de um abraço, a cálida recompensa da reconciliação. O amor pode até ser perdão, mas é superior a isto.
O amor pode ser a efémera constelação de um desejo. Não há pior exemplo de amor que o de Romeu e Julieta. O Amor é e pode ser muitas coisas, nem todas elas concretas. É bem mais do que isto, e certamente que o arrebatamento da paixão ou a dor da saudade ficam muito aquém daquilo que é verdadeiramente o amor. Um dia não chega para preencher tantas horas. É um ser-se presente estando-se ausente! Feliz dia, Amor!
Imagem © João M. Pereirinha | Os Apaixonados na Ponte Pedro e Inês | Coimbra.