NORDESTE BRASILEIRO LUTA SOZINHO CONTRA O ÓLEO
Tem passado quase despercebida a notícia, sobretudo internacionalmente, mas o nordeste brasileiro foi invadido por uma mancha de óleo (crude/petróleo) cuja origem, ainda desconhecida, calcula-se que tenha ocorrido a 700 quilómetros da costa. Morreram já mais de duas dezenas de tartarugas e outras espécies e as águas e praias cobertas de manchas de óleo constituem um perigo ambiental que ameaça a sobrevivência da fauna e da flora, colocando em risco a saúde pública e a sustentabilidade económica e ecológica de todo o litoral.
Porém, são os próprios populares que têm reunido esforços, com algumas autoridades locais e movimentos cívicos, para limpar as praias, salvar animais e conter o avanço das manchas. Já o governo brasileiro preferiu acusar a Venezuela do vazamento, contrariando o estudo das marés feito pela Universidade do Rio de Janeiro e apresentado à Marinha. Porém, isso tem sido o subterfúgio para não agir e bloquear a disponibilização de mais meios, necessários para conter o desastre e apurar responsabilidades.
Depois dos incêndios na Amazónia, o petróleo na costa do Nordeste, cujas receitas turísticas representam cerca de 10% do PIB. À parte disso, mais uma vez, a inércia do governo, que extinguiu os órgãos que integravam o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água (PNC), mostra-se totalmente conivente com a destruição do património ambiental do país.
Com o rebentamento de Brumadinho, no início do ano, esta é a terceira catástrofe ambiental que o Brasil sofre desde o início de 2019. À imagem das outras, desta vez, o Presidente parece estar mais ocupado a tentar gerir a implosão do próprio partido, do que interessado em ajudar ou trabalhar pela e para a população.
Foto: Bruno Campos/JC Imagem