Não existem maus motivos para gostar de arte
"Hoje em dia conhecemos o preço de tudo e o valor de nada."
Oscar Wilde
Numa pequena apresentação de mestrado, que intitulámos “Artes e Desenvolvimento Económico: o Impacto da Criatividade na Governance”, procurámos discernir qual a importância económica das Artes, baseado sobretudo em dois artigos científicos. Durante a mesma apresentação, eu e as minhas duas colegas, Carmen Gouveia e Noelia Arancibia, pedimos à turma conjunta de Mestrado em Administração Pública e Pública-Empresarial, que desenvolvessem um “Cadáver Esquisito”. Queríamos obter a sua definição subjetiva de cada um sobre a importância das Artes, com o objetivo de lhes mostrar e fazer sentir o quão diversificado, mas compatíveis, podem ser as abordagens à Arte.
À margem do processo, queríamos realçar que, não só por serem um fator de desenvolvimento, institucional e orgânico das economias – como comprovam os estudos científicos – mas também e sobretudo por serem, de uma forma menos crua e mais antropológica, um bem fundamental que nos distingue enquanto seres humanos, as Artes merecem ser desenvolvidas e apoiadas em qualquer altura! Porque são parte intrínseca da nossa forma de viver, da nossa cultura civilizacional e da nossa identidade coletiva.
As artes são parte fundamental daquilo a que chamamos Civilização e Humanidade. Pelo que, transversalmente ocupam um espaço singular em cada um de nós, o espaço dos sentidos e das emoções. Assim, e através das palavras dos meus colegas, nenhum formado em Artes, e todas elas escritas antes de terminada a apresentação, uma coisa temos por certa: sem cultura, fruição, imaginação e artes, não haveria sentido nem substância para a vida como a conhecemos:
As artes são importantes porque promovem a criatividade, o espírito crítico e coletivo do mundo que nos rodeia.
As artes são importantes porque deixam a vida mais leve, mais alegre, sendo a criatividade uma chave importante para tempos de crise.
As artes são importantes porque permitem-nos conhecer e experimentar um mundo à parte; despertam-nos os sentidos e “acordam-nos”, de certa forma.
As artes são importantes porque fazem parte, e estão presentes, todos os dias, no nosso dia-a-dia.
As artes são importantes porque permitem descobrir novos mundos, ir mais além, ter contacto com realidades distantes.
As artes são importantes porque mostram imagens, e não só, de todos os tempos.
As artes são importantes porque abrangem todos os géneros artísticos através da pintura e escultura.
As artes são importantes porque não escolhemos nascer, nem morrer… então, vamos aproveitar o intervalo, e dar valor ao que de mais belo elas nos oferecem.
As artes são importantes porque pintam o mundo de várias cores.
As artes são importantes porque levam um enriquecimento mental. Todos nos devíamos interessar pelas artes, pelo “desbloqueio mental” a que elas conduzem. Seja o teatro, a escultura, etc.
As artes são importantes porque têm a capacidade de “tocar” a alma dos sujeitos.
As artes são importantes porque estimulam o impacto visual e a perspetiva individual de como se observa a realidade que nos rodeia.
As artes são importantes, ponto! Pois, realmente, “não existem maus motivos para gostar de arte, apenas maus motivos para não gostar” (Gombrich, 1988). Por isso é que, mais do que tentar reduzir as artes a uma cifra monetária, é preciso saber se essa mesma cifra consegue dar preço ao imensurável valor que a cultura e a arte possuem.