É preciso lutar sem cair no desespero
Há dois filmes nomeados aos Óscares de 2018 que retratam exactamente o mesmo período histórico, Maio e Junho de 1940: "Dunkirk" (real. Christopher Nolan, 2017) e "A Hora Mais Negra" (real. Joe Wright, 2017).
No primeiro acompanhamos a luta pela sobrevivência e o preço da resistência, dos soldados e civis, quer na praia francesa Dunquerque - onde 300 mil soldados britânicos e franceses, cercados pelos nazis, aguardavam ser evacuados, com bombardeamentos constantes de por ar, cercados por terra e com o porto bloqueado por submarinos e cargueiros encalhados - quer a bordo dos poucos aviões britânicos ainda operacionais, incapazes de chegar a França e voltar, quer através de um dos milhares de barcos civis que fizeram parte da operação de resgate "Dínamo". O segundo permite-nos acompanhar os fatídicos dias de Winston Churchill, desde a tomada de posse, até ao dia que teve de decidir se iria enfrentar os alemães, sem ajuda de nenhum aliado, perante a queda da Holanda, da Bélgica e da França e com todo o seu exército sitiado numa praia francesa, perante a eminência de ser invadido pelo exército alemão, maior, mais brutal e bem equipado que os britânicos àquela instância.
Ambos os filmes ajudam-nos a perceber, a entender e a vislumbrar, além dos terrores da guerra e do desespero das decisões, que mesmo num beco aparentemente sem saída, podemos sempre encontrar soluções e formas de irmos ao encontro da vitória, da esperança e da resistência, sem sucumbir ao desespero. Um caminho onde os sacrifícios são incomparavelmente menores, comparados com a possibilidade de abdicar das coisas que fazem de nós aquilo que genuinamente somos, quer como indivíduos, que como colectivo. Um caminho que devemos estar sempre dispostos a percorrer, sem necessariamente capitular nos erros, refugiando-nos na vontade de lutar por ideais, direitos e liberdades, de todos e cada um de nós.