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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Consensos, unanimidade e popularidade

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Nunca serei uma pessoa consensual. Para mim, as pessoas e os nomes consensuais têm uma certa artificialidade, uma determinada falsidade à qual tenho aversão. Talvez só diga isto por não ser nem nunca poder almejar ser uma. Serei sempre uma minoria e estarei, muito provavelmente, sempre ao lado das minorias, por quem sinto apego, sem condescendência. Interessa-me muito mais a urgência de mudar o mundo do que recolher a simpatia e a aprovação de todos. Porém, sinto dificuldades em exigir a atenção dos outros. Não gosto de incomodar ninguém, não peço favores a ninguém, certo também de que não os teria, não solicito conselhos ou opiniões a não ser a quem já sei estar disposto a discuti-los comigo, ainda assim, evito pedir atenção indevida, apesar de não me coibir de a dar ou prestar sempre que solicitado.

Claro que é reconfortante ter o apreço e aprovação ou aceitação de outros, sobretudo daqueles que estimamos ou consideramos nossos pares. Contudo, quando essa apreciação vem condicionada a uma mudança ou adaptação ao senso comum homogêneo e, portanto, falso, então também ela não pode ser verdadeira, de todo. A pior desonestidade é aquela que cometemos connosco.

Todavia, isso não significa que a inflexibilidade seja a mais honesta das respostas, sobretudo perante a vertigem do erro reiterado, não, muito pelo contrário. A razão crítica, fundamentada entre a consciência e o saber ou a reflexão, é o exercício mais próximo possível do bom senso, e deve ser o guia da verdade. Da honestidade, que permite também mudanças de posições e descoberta de novos pontos de vista.

Normalmente, o consenso é inimigo do complexo e a superficialidade é quase sempre avessa à reflexão. Serei sempre uma pessoa pouco dada a consensos superficiais, populares e unânimes, embora preze pela simplicidade de muitas coisas, mas não necessariamente por ser simples, sem sentido ou vazio de significados. Sem romantizar a solidão, é no desconhecido e impopular que muitas vezes encontro ecos. Os ecos dos oprimidos e por vezes da razão.