... mais um dia (acordamos)
Acordamos… ainda atordoados, pensando, alucinando, meditando, agindo e… agora já sem pensar, não sei onde estou… aquilo era real? Ou foi só um sonho? Apercebemo-nos nesse instante que existimos
somos parte do cosmos
pedacinhos de estrelas
amontoado de átomos e células
mistério,
nuvens pretas
raios fortes
flores do campo
borboletas
quem somos nós, não somos o que somos quando pensamos o que somos somos?
Olhamos numa superfície perfeitamente polida, espelho, onde somos sempre o que não queremos ser, onde espelhamos mais da alma que do corpo, onde não vemos o que deveríamos ver, e tentamos ver o que nunca conseguiremos ver,
mar de desilusões
esperanças
e desmotivações
Projectamos, imaginamos, concluímos ser aquilo que não somos. Limpamo-nos. Nítida a imagem? Não… Ainda não chegámos onde queremos estar, aborrecemo-nos, especulamos, não nos vestimos? É Carnaval.
Saímos, encandeados. Não há sol, olhares, estão em toda a parte.
Olha ali!
Uma Odisseia que nos bate nos olhos durante horas. Esperamos, berramos, gritamos, negociamos, perdemo-nos, berramos mais, comemos, sofremos, somos, sufocamos, desesperamos e berramos, Falamos?
Não, não sabemos
não falamos
berramos
gritamos
bafejamos
não falamos… alguns falamos, mas ninguém os ouve, e os que escrevemos ninguém nos lê, nesses , ninguém crê.
Adormecemos, também nos cansamos, mas não falamos… não sabemos. Ressonamos, bafejamos e sonhamos.
Amamos?
Não gostamos.
Preferimos sonhar
Não pagamos
Não sabemos amar.
Viajamos
Mas não sabemos navegar
Não nos governamos
Só sabemos naufragar
Pouco sabemos
Sobre o que vemos
Como podemos amar
Se o amor não o vemos?
Sonhamos, adormecemos
E nunca nos conhecemos…
25.01.2007
João Pereirinha