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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Precisamos de mais marés, hoje e amanhã!

Maré do Amanhã, de Albino Baptista | © Fotografia: João M. Pereirinha

 



À primeira leitura que lhe dediquei, ao 32º livro de Albino Baptista ou "meneres sa/ raiva", «Maré do Amanhã» o meu pensamento imediato foi "tenho de partilhar este livro com o mundo"! Embora nem todo o mundo, sei-o bem, o mereça receber. Contudo, está delicioso. Evidentemente, esta maré, é mesmo abrupta, é do amanhã, porque é o que se segue, é aquilo com que somos atropelados, mas é mais de ontem, do início, do que do futuro. Do ontem, porque é das mudanças do amanhã, depois de ontem, que a cidade mãe (Coimbra), o início, a casa da partida, sofreu. Essa cidade, essa gente, essas mulheres, até a Antero de Quental, até e sobretudo as artes, parece já não existir, sumida, ecoada, rota, vazia... A raiva, vermelha, a fúria, borbulhante, são evidentes, compreensíveis, e imperativas!

Claro que, com melhor atenção e dedicação às pausas impostas, mas sobretudo necessárias, este magnífico, sensível e, acima de tudo, generoso escritor nos coloca diante consegue-se ler, ver, imaginar, sentir essa Coimbra, esse País, essa Universidade, que está (corrompida) comprometida, é ingrata, não olha o passado, e tal como Marx previa, cria somente seres alienados.

 

O mais "gostoso" (porque saboroso é um sentido parco aqui) em toda esta narrativa - que a poesia, mais que qualquer romance, e fotografia, também conta histórias - é que diz tudo sem necessidade de ser gráfica. E mais que fosse necessário, o livro, esse objeto que a revela, traz consigo um magnífico Epílogo, claro e sintomático, e a biografia, irónica e anti-hipocrisia, também dão fortes murros no estômago dos empoleirados nesta torre.

 

De resto, é simplesmente o livro que algum dia gostaria de escrever, do qual carrego o orgulho de pertencer a um amigo meu, e tão chegado, mas de que sinto também a tristeza, o pesar e a vergonha de que, cá, nisto, agora, hoje e amanhã, seja necessário.

Ficha Técnica:


Título: Maré do Amanhã

Autor: © albino baptista | meneres sa/ raiva

Foto do Autor: © Luís Baptista

Coord. da Edição: © Alfarroba 

Design: © Afarroba

Distribuição: Letras em Marcha telf. 217 577 540

Impressão e Acabamento: Artipol - www.artipol.net

ISBN: 978-989-8455-82-6

Depósito Legal: 365 489/13

Data da Edição: Outuvro de 2013