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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

O maior medo do pardal é cair

Não sou de permanecer indefinidamente nos extremos,

Mas gosto de percorrer as possibilidades da tabela.

Não há fogo que não goste de ser apagado,

E água que não evapore.

O maior medo de um pardal é cair,

Por isso consegue voar,

Batendo as assas, abrindo o peito

E inspirando fundo ao planar.

Adoro o medo, o terror e a tristeza

Que me invade o peito na noite,

E também a alegria, o sorriso

E a clareza com que o dia

Nasce solarengo no meu recanto.

É nestas viagens que sinto o canto

Das emoções que carrego,

Que apertam o gatilho daquilo que se chama vida.

De extremos a extremos,

Entre a fome e a satisfação dos sentidos,

Da vida por ser, e a morte cumprida,

Uma sucessão de divisões, despedidas

Em mortes imprevistas, e lágrimas sentidas

Em momentos de confronto e reencontro.

Tudo se resume a um sopro de vontade,

À coragem de um momento,

Ao extremo de energia, seja cheia ou vazia,

A um desejo de conseguir amar e ser amado.

 

João M. Pereirinha, 23 de Março de 2013