O maior medo do pardal é cair
Não sou de permanecer indefinidamente nos extremos,
Mas gosto de percorrer as possibilidades da tabela.
Não há fogo que não goste de ser apagado,
E água que não evapore.
O maior medo de um pardal é cair,
Por isso consegue voar,
Batendo as assas, abrindo o peito
E inspirando fundo ao planar.
Adoro o medo, o terror e a tristeza
Que me invade o peito na noite,
E também a alegria, o sorriso
E a clareza com que o dia
Nasce solarengo no meu recanto.
É nestas viagens que sinto o canto
Das emoções que carrego,
Que apertam o gatilho daquilo que se chama vida.
De extremos a extremos,
Entre a fome e a satisfação dos sentidos,
Da vida por ser, e a morte cumprida,
Uma sucessão de divisões, despedidas
Em mortes imprevistas, e lágrimas sentidas
Em momentos de confronto e reencontro.
Tudo se resume a um sopro de vontade,
À coragem de um momento,
Ao extremo de energia, seja cheia ou vazia,
A um desejo de conseguir amar e ser amado.
João M. Pereirinha, 23 de Março de 2013