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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Apenas 1/5 votou

 

 


 

Eu fiz parte do 1/5 que votou. Ou seja, a esmagadora maioria dos alunos associados da Associação Académica de Coimbra, ou efetivamente "não querem saber", ou talvez tenham perdido a noção de para que serve, de como funciona e de como podem contribuir. Talvez haja um fosso entre as duas coisas: a vida real, pragmática e aflitiva dos estudantes, e a vida 'académica' da Associação que os representa (oficialmente). Talvez seja preciso pensar, e colocar-se a questão da mesma forma que um gestor empresarial o faria: "porque é que as pessoas não aderem ou se juntam a nós?".

 

Talvez o que exista seja uma enorme (enfatizo, Enorme) falta de crença, por parte dos estudantes neste caso, na representatividade, utilidade e efetividade da instituição e do sistema (que muitos consideram viciado). Tal qual acontece um pouco com o sistema eleitoral nacional.

 

É preciso que se reflita sobre isto. Sobre os 4/5 que não foram votar... Mas, será que interessa a alguém, próximo dos cargos eleitos, sugerir tal reflexão? Ao fim ao cabo, o que se vê são pessoas eleitas isoladamente, ou seja, quase e apenas pelos núcleos próximos das suas listas, e pela capacidade de propaganda que desempenham.

 

O problema, e a culpa – se é que se pode atribuir culpas a alguém de um problema que não se sabe ao certo qual é – não reside em discutir o papel ou para que serve uma Associação Académica. O eixo deste problema reside numa rede de ligações maior, que vai desde a forma infantilizada com que se chega muitas vezes a este meandro; passando pela rapidez com que se entra e sai (agora em 3 anos) sem tempo para se “sentir tudo de todas as formas”; as prioridades cada vez mais acentuadas com que se tem que viver socialmente e no contexto estudantil; e, claro, não esquecer as dificuldades financeiras e o aumento do custo de vida estudantil que tem vindo a aumentar, sem sombra de esperança para um estancamento sequer da hemorragia com que milhares de pessoas têm visto escapar a oportunidade de frequentar ou sequer de se candidatar ao universo do Ensino Superior.

 

Ora, se há quem ache que “ir a uma Magna é enfadonho”, talvez se deva pensar porque é que essa opinião surge. Pensar-se sobre o modelo da Magana, a forma como é conduzida, e fazer-se uma avaliação do conjunto de medidas que se propõe e se aprova, bem como uma avaliação sobre as consequências da execução das mesmas.  

 

Outra coisa que urge é não se tomar os abstencionistas como parvos, desinformados ou inconscientes. O silêncio é uma arma que não tem uma interpretação definida ou fechada. Por isso é tantas vezes invocado como defesa em contexto jurídico. Quem não vai ou foi votar pode não o ter feito, não por descoro, mas talvez por sentir que os seus interesses não estão representados ou defendidos. Por talvez sentir que este micro cosmos local não está longe daquele macro sistema partidário que nos conduziu até aqui.