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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Amando-te

Apesar de tudo, Amo-te e não sei porquê,
Há qualquer coisa que me prende a ti
E não sei bem dizer o quê.
Algo que me atrai desde que te vi,
Me suga a alma e consome por inteiro
Todo o meu corpo, por dentro e no exterior.
Ainda bem que era bom rapaz e solteiro
E não fui para missionário ou prior.
Caso contrário, arderia no inferno
Por cometer o pecado morta e carnal
Merecedor do calor ofegante do fogo eterno.
Mas o amor é incerto, inseguro e matreiro,
Um poço sem fundo de defeitos e pouco saudável,
Por vezes, é também um vício incurável
Que nos faz adorar até um puro rafeiro.
É como qualquer criação Humana, imperfeita,
Por isso Deus também nos ama, incondicional
E sem olhar aos defeitos que qualquer um rejeita.
Porque também ele, enquanto ser ficcional
Tem a sua dose surreal de imaturidade.
Por isso cresce criminoso, cheio de cumplicidade,
Dentro deste peito aberto e desprotegido.
Amo-te, já sem condições, depois de perdões
E horas de conversas, brigas, discussões.
Que venham as pazes, o aconchego apertado
De um abraço sentido e um beijo bem dado.
Que venham os passeios de mão dada
E as noites mal dormidas sob a Lua amarelada.
Que venham os ciúmes da colega de trabalho
E os aconchegos e incentivos quando falho.
Seriam mil as razões para não amar
E seria fácil partir, fugir, zarpar
Para não ter que enfrentar esta inundação
De sentimentos. Mas é irracional o furacão
De oxigénio que nos faz implodir o pulmão
Quando respiramos o odor inebriante da paixão.

 

João Miguel Pereirinha, 20 de Maio de 12