Racismo
Oh, Portugal
Terra sem igual,
Onde se tornou banal
Expulsar o desigual.
É o racismo estrutural.
É o ódio repetido
De geração em geração
Até à exaustão.
É sempre o mesmo atingido,
Até cair no chão.
É o reflexo da escravidão.
Racismo? Aqui não!
Dizem os senhores doutores,
Donos da opinião,
Que nunca sentiram as dores
Da bala no coração.
É a segregação feita por cores.
Oh, Portugal,
Que jogas no escuro,
De forma tão frugal,
Os mesmos corpos negros
A quem negas o futuro,
Em nome de valores íntegros.
É o ufanismo puro.
Oh, Portugal,
Um país tão seguro,
Onde reina tanto mal,
Que usa sempre a desculpa
De punir o corpo impuro
Pra matar quem não tem culpa:
É o machismo, o racismo,
A homofobia e o fascismo
Desses filhos da puta!
Mas também é a cegueira
De quem tapa o sol com a peneira
E não vê a merda à sua beira,
Ou quer tudo da mesma maneira.
Que ardam todos na fogueira!
— João M. Pereirinha, 26/07/2020.