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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

A miopia (grave) dos Dirigentes

    Alícia Rius, the house of heads and eyes


  

 

Para voltar a revitalizar este velhinho blog que tem estado parado há ano e meio nada melhor do que um pouco da velha indignação que pautou a linha de muitas crónicas dos tempos de liceu aqui republicadas depois do Jornal Escolar O Cábula.

 

Aqui fica então um texto que já tem mais de um mês. Que já esteve para sair em diversas ocasiões. Que já enviei para alguns sítios, mas que não podia deixar de publicar definitivamente em algum sítio e de, sobretudo, partilhar. Porquê? Porque se torna cada vez mais grave, deprimente e, sobretudo, perigosa a miopia com que os atuais dirigentes olham para o país, para a sociedade e a governam, sem experiência de vida, sensibilidade e respeito pela liberdade de escolha de vida de cada cidadão, isso sim, um interesse nacional ainda por concretizar desde 25 de Abril de 1974.

 

 

 

 Carta aberta ao Ministro da Educação

 

Hoje, 14 de Dezembro de 2011, vi uma entrevista do Sr. Ministro da Educação Nuno Crato, na SIC Notícias, onde ele explicava os planos de reestruturação da educação, em especial do Ensino Superior, para 2012.

 

“Não podemos ser todos doutores, sociólogos ou letrados…”

Foi neste momento, ou instantes depois, que mudei de canal. Bem sei que não é de hoje que os estudantes e estudiosos das áreas das Ciências Sociais, artes e letras, são olhados com preconceito, como “chulos”, parolos inúteis e fanfarrões que passam a vida a ler livros. Uma visão partilhada um pouco por toda a sociedade em geral e, sobretudo, por uma parte considerável do meio das Ciências “Exactas” – um termo discutível que fica para outra ocasião – que consideram que só os “burros” é que vão para letras. Foi isso que eu sempre ouvi, incluindo na entrada para ensino secundário, e que me inclinou (ou me obrigou) a escolher o curso de Ciências e Tecnologias, numa escola em que, à data, não existe uma única turma de artes (mas está entre as piores 200 do ranking). Isto numa terra que nem um único emprego tem conseguido gerar nas áreas das engenharias em geral ou tem sequer possibilidades para o fazer, e onde noventa e nove percento das figuras de relevo dessa zona, vivas ou falecidas, estão ligadas às artes e humanidades. Sendo aí, precisamente, a área onde se encontra o maior potencial logístico, humano, capital e patrimonial de toda a região – Vila Viçosa. Mas a miopia é muita.

 

 

 

EDITORIAL 2012

Passado um ano e meio sem publicar nada decidi revitalizar este espaço. Isto depois de uma fase mais poética, uma poesia de inspiração e impulso, reflexiva, e após várias participações em vários outros espaços. Regresso assim à casa de origem. 

 

Entretanto cresci, desde o início desta aventura em 2006. Tive novas experiências, vivi, tive outras formações e, como já referi, participei noutros espaços. E depois de uma passagem na Rádio Campanário, com a criação do Projeto Fórum Jovem e outras participações diversas, algumas colaborações com o Jornal Universitário A Cabra mais recentemente, onde aprendi imenso – não só no curso de formação que lá frequentei com verdadeiros profissionais mas sobretudo na experiência diária – e outras investidas no espaço web 2.0 aqui estou eu de novo.

 

O que é que se pode esperar deste espaço? Tudo aquilo que aparece na descrição abaixo do título do blogue. Umas vezes de forma mais reflexiva e abrangente, outras de forma um pouco mais concreta e contextualizada. Mas todas podem ser pessoais. Isto é, minhas, ideias minhas ou com as quais concordo, eu, com fundamento e ótica.

 

A ótica de uma pessoa que poderíamos, caso seja possível definir desta forma, como uma mistura entre um fundo marxista, um pensamento heterodoxo e uma causa existencialista, um espectador atento à imagem da filosofia que emergiu da escola de Frankfurt (com Marcuse e Adorno). Alguém que defende ativamente a igualdade de direitos e o direito à diferença.

 

E ao contrário de muitos, que tentam explicar as suas ascendências politicas, eu não encontro as minhas explicações nas obras de Dickens ou Marx, ou outro qualquer. Neles posso apenas ter confirmado a minha tendência de esquerda, pois a minha formação nela foi a vida, as dificuldades a injustiça, luta e superação que daí se desenrolaram.

 

Podem esperar assim ler qualquer coisa sobre esses assuntos como um qualquer outro post acerca de um espetáculo artístico, ou evento cultural, ou mesmo um comentário ou crítica a tais, essa que é a área de formação que frequento: 1º Ciclo de Estudos Artísticos, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

 

E vou esforçar-me para que as publicações sigam uma periodicidade que para já será semanal, com a publicação durante os fins de semana e quem sabe uma ou outra a meio, nas quartas.

 

Uma nota acerca da ortografia

 

Como já devem ter reparado, e como é indicado em rodapé, estou a escrever de acordo com a nova ortografia. Antes que surjam as críticas gostava de esclarecer certos pontos.

 

Primeiro que tudo sou tão contra o último acordo da ortografia portuguesa quanto a maioria das pessoas. Para isso, e para explicar os meus motivos invoco aqui uma crónica de João Pereira Coutinho, que explica esses motivos melhor que ninguém: Naufragar é Preciso?. [E deve ainda ser aconsultado este recente texto de Rui Bebiano, com o qual me revejo também: O Choque Ortográfico]

 

Porém, creio que argumentar de pouco ou nada serve. Tivemos vinte anos para nos opormos a tal acordo, para interpor medidas e explicar o porquê da falência linguística de um acordo dito de união que, atém então, só desuniu. Mas, ao invés, só passados todos estes anos é que se tentam petições públicas, só agora se vêm levantar vozes de contestação à nova ortografia, só agora, à beira da implementação definitiva. Ora, eu creio que é tarde de mais. Ou melhor, mostrem-me que é possível, de alguma forma, continuar na antiga ortografia e lá voltarei. Caso contrário, enquanto aluno, profissional, ou mero escriba, sou obrigado a aprender a escrever sob o novo (des)acordo.