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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

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Comentando "Liberdade sem cultura e sem educação?"

banksy, outdoors

  banksy, outdoors 


 


Depois de ler este texto de Céu Mota no "Aventar.eu" eu ia comentar. Mas afinal saiu um novo post:

 

Na primeira aula que tive sobre totalitarismos – na cadeira de Culturas Contemporâneas lecionada pelo Historiador Rui Bebiano [aterceiranoite.org] – a primeira distinção que fizemos foi entre este modelo e um simples sistema ditatorial regido pela força. Essa consiste no facto de no primeiro haver uma clara pretensão em escravizar as almas, além dos corpos, e em levar a sua ideologia a toda a extensão do território, sendo que violência tem uma base de legitimação em prol da ideologia em implementação. A melhor forma de escravizar as almas, e ajudar à criação de um (homem) novo rumo é: controlando e limitando o acesso à cultura; dilacerando a educação e torna-la mais próxima dos ideais que vêm de cima por fim a moldar as futuras mentes; censurar e controlar os meios de comunicação e criar um meio propagandístico dos ideais impostos.

Ora, sem querer ser alarmista ou dramático, permitam-me a análise atual:

  1. Não existe ministro da cultura, e o secretário de estado que faz o seu turno pouco ou nenhum poder tem. O pouco que tem deitou-o para o lixo e substitui-o por um pin na lapela do blazer, à imagem de toda a trupe do governo que diz agir em nome do “interesse nacional” – recordo aqui que também Lenine, Mussolini e Hitler assim o afirmavam quando no poder, e os dois últimos chegaram lá por via constitucional.
  2. Há efetivamente mais professores desempregados, a receberem menos e em situações cada vez mais precárias, isto inclusive nos quadros mais preparados e que mais investiram na sua formação. Quer dizer, não deveriam ser estas pessoas a ensinar, não deveriam ser os que mais investiram ou que mais anos têm de experiência o garantir da qualidade, da competência e do rigor do conhecimento transmitido às gerações mais novas? Ou são estes incómodos às novas implementações?
  3. Por novas implementações podemos falar de uma reestruturação e desfalcamento, não tem melhor designação, do plano curricular que tem como base afunilar cada vez mais os conhecimentos e competências das novas gerações, através da supressão de inúmeras disciplinas, especialmente as relacionadas com o desenvolvimento de aptidões e sensibilidades para a cultura, artes e humanidades.
  4. Neste momento temos todos os meios de comunicação, ou grande parte dos de maior envergadura – dos mais pequenos nem vale a pena falar pois nunca, neste país, foram ou conseguiram ser totalmente independentes do poder local ou central nem das influências de capital – vergados às vontades e disseminações de um executivo que tenciona ser o primeiro país europeu a suprimir o serviço público de informação, privatizando-o, fazendo desvalorizar todo o sector. A título de exemplo disso vejam-se os sucessivos despedimentos das diversas redações, bem como a situação de precariedade a que são contratados novos quadros para que dessa forma, mal pagos mas gratos pelo emprego, pouco ou nada incomodem a linha editorial. Isto para não mencionar a situação de censura posterior e a priori feita recentemente no caso da Antena1.

Se ainda ninguém reparou como isto está tão mal, então é porque o plano está a dar resultado.