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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

As universidades não são padarias

Pátio das Escolas FDUC © João M. Pereirinha

Transformar as universidades em fundações é uma forma indirecta de privatização. Algo que não me perece que seja a vontade nem dos alunos, nem dos professores, nem dos funcionários e muito menos dos portugueses. Não deixa de ser curioso que o processo da UC se veja acelerado após anos de investimento estratégico em aberturas de processos de absorção de alunos internacionais com propinas equiparadas ao privado; depois de anos sem renovação de quadros; depois de anos onde nem papel higiénico havia nas casas de banho; depois de anos onde ouve ordem de encerramento à já existente Fundação da UC; depois de anos em que muitos dos doutorados não têm lugar nem a dar aulas nem nos centros de investigação, nem em porra nenhuma; depois de anos em que a imagem da UC foi metida como prioridade à frente da qualidade de ensino, com a contratação de personalidades; depois de anos onde imensos professores nem gabinete têm; depois de anos de investimento bruto no espaço museológico que atropelou o espaço de aulas; depois de anos de depressão das cantinas sociais, quando elas foram mais precisas; depois de anos de vacas magras onde tudo o que se fez, bem ou mal, foi investimento público, que agora se quer transferir para as mãos dos privados.

 

As universidades não são um polo de investigação ao dispor dos serviços privados, por fim a esbater os custos da inovação das empresas. As empresas, se querem inovar, patrocinam essa inovação, criam centros de investigação, patrocinam programas e bolsas de investigação. Já o papel das universidades, num país que garante o ensino público e tendencialmente gratuito na constituição, passa pela preservação, desenvolvimento e transmissão do conhecimento, da cultura e do país. As universidades não são padarias de gente. São centros de culto e cultivo da sociedade.