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Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vetores da Inutilidade

Poesia, Atualidade, Crítica, Opinião, Artes e Cultura. Um blog por João M. Pereirinha

Vamos, ou ficamos?

Anda e vem comigo

 

Salta dessa ponte

 

Atravessa o mundo

 

Enfrenta o perigo

 

Que é não olhar em frente

 

Mas, um só segundo

 

Olhar à volta

 

E ver o quão bonito

 

é o mundo

 

e deixa-te dominar

 

pela revolta,

 

deixa-te envolver

 

deixa a tua boca gritar

 

de alegria e prazer

 

e então veraz

 

o quão fugaz

 

pode ser um corpo ao arder.

 

 

 

Deixa-me ser este teu guia

 

Na vida

 

No pensamento

 

E por um momento

 

Deixa-me tratar-te por “minha querida”…

 

 

 

Só quero que me desejes

 

A mim, tanto quanto eu desejo

 

Tudo o que de bom vejo.

 

Só quero que me beijes

 

Tão bem como eu beijo.

 

 

 

Mostra-me que as minhas rimas estão erradas,

 

Que o mundo não é redondo.

 

Que a noite não acaba às doze badaladas

 

Que não passo de mais um hediondo…

 

Faz-me acreditar numa fé

 

Faz-me esperar por ti,

 

Faz-me acreditar em coisas que nunca vi

 

Mas não me saias de ao pé.

 

 

 

Vamos

 

Voa comigo para longe dos olhares

 

Das miradas

 

Procura porque nos amamos,

 

Agrupa todas essas pessoas em pares

 

Pede desejos às fadas,

 

Faz de tudo um pouco

 

Mas nunca me poderás escapar

 

Não sou louco

 

Embora tu não me possas escapar

 

Eu sou a tua desarrumação

 

O que faz levitar toda essa emoção

 

A mirada mais sombria do teu coração…   

 

 

 

João Pereirinha

Os nossos medos!


O maior medo da humanidade


É ver-se só,


Coisa que na verdade


Já me causa dó


Porque temos medo de algo que somos


Que tememos


E nem se quer nos apercebemos…


 


João Pereirinha


10.02.2007


 


Perdemos a fome de Revolta?

            Hoje em dia as pessoas perecem ter perdido a vontade e a força para se indignarem e revoltarem com as coisas do dia a dia… deixa andar; já é normal, o que haveremos de fazer?... Todos repetimos estas frases que já alguma vez ouvimos dizer!

 

            Na verdade todos nos lamentamos das coisas más, ou mal feitas com que nos deparamos sucessivamente quando vamos para o trabalho; quando ficamos empatados no transito; quando chegamos atrasados a um compromisso; quando vamos ao supermercado; sempre que nos dão ou entregam um documento fora do prazo estabelecido; sempre que nos deparamos com dificuldades, mas somos incapazes de intervir no mundo que criámos, e aqui o ponto onde eu queria chegar, o mundo só muda se nós o mudarmos.

 

            Não nos podemos esquecer de exercer a nossa cidadania. È verdade que muitas vezes quem o faz é acusado de falsos moralismos e de idealistas, criticas lançadas não pelos que nos mostram como se devem ser feitas as coisas mas pelos que são os primeiros a voltar as costas aos problemas. Mas, como sempre digo, nem Cristo agradou a todo o mundo, porque haveremos nós de o querer superar?

 

            Desta vez não vou andar com mais rodeios nem argumentos: revoltem-se! Mostrem ao mundo o que está mal, ou que não está, dêem sugestões, apontem alternativas, mostrem caminhos. Está nas nossas mãos mudar o que está por mudar, está nas nossas palmas a esperança de uma sociedade melhor. O que esperamos? Ninguém vai tapar aquele buraco se nós não nos queixarmos da sua presença. Agora percebo como podemos eleger um ditador como o “maior português” de sempre, afinal de contas ele tomava todas as decisões de todos, e também poucas vezes ou quase nenhuma vez saiu de Portugal.

 

            Tomadas politicas à parte, o que está em causa é o nosso poder de cidadania. Temos que intervir, ser mais activos, tomar posições, pior que uma má posição em relação de um qualquer assunto é não ter sequer uma posição tomada ou não compreender qualquer tipo de argumentação, pois quando assim é facilmente somos burlados pelas falácias e enredos dos mais abeis.

 

            Infelizmente verificamos esta falta de atitude um pouco em todos nós. Não se trata de dar ou ser o exemplo, mas sim de dar um paço, tomar e fazer parte. Mas se os mais velhos já denotam alguma falta de capacidade para agir nas pequenininhas coisinhas insignificantemente significantes das nossas importantes vidas intemporalmente resistentes, os jovens posso-o afirmar, não são portadores, nas suas veias, de acção, movimento ou vontade de interpelar o conteúdo. Porque é que somos tão apáticos em relação às nossas vidas, aos nossos caminhos, às nossas metas, às nossas pequenas convicções, aos nossos problemazitos? Há que soltar amarras. O futuro depende de nossas vidas, e se já houve outros que no passado nos condicionaram o presente, somos nós, os putos, que temos que corrigir o futuro que está por acertar.

 

            A grande arma que todos possuímos, desde muito pequenos, é o poder de agir, intervir, observar e constatar, porque haverão de ser apenas alguns a faze-lo? Não quero viver assim, num mundo em que não há vozes críticas, onde não há oposição e onde os argumentos são em grande suma falaciosos. Não há que agravar mas ajudar, não há que prejudicar mas melhorar, temos que passar a programar, a observar mais, e acima de tudo, temos que passar falar mais, temos que passar a ter voz forte, onde se possam ouvir as nossas indignações, temos que passar a ter pulso firme assente em porto seguro, apoiado por colunas sólidas.

 

            Somos nós que temos no horizonte a meta de criar e formar tudo, tudo de novo, reconstruir, destruir, organizar ou desorganizar, só não podemos é deixar as decisões para os mais espertinhos, não deixem o poder cair na rua…

 

 

 

João Pereirinha

 

02.05.2007